O chimarrão, é uma bebida típica da América do Sul. No Brasil, o maior consumo é na região sul, por isso é um símbolo da tradição gaúcha. O chimarrão é tão importante que ganhou até uma data oficial de comemoração. O Dia do Chimarrão foi instituído a partir da Lei Estadual nº 11.929, de 20 de junho de 2003. A escolha dessa data para celebrar a bebida e comida símbolo dos gaúchos, foi uma homenagem para o primeiro Centro De Tradição Gaúcha do mundo, o CTG 35, que foi fundado no dia 24 de abril de 1948.
Relatos históricos afirmam que os soldados espanhóis tinham como costume o uso e preparo da bebida conhecida como chimarrão, esta, transportada na garupa dos seus animais pelo estado do Rio Grande do Sul. As margens do rio Paraguai, caminho das tropas militares, tinha sua vegetação constituída basicamente por florestas de taquaras, as quais, eram cortadas e utilizadas em formato de copos como recipiente para a bebida em questão. Ainda, a bomba também era feita por pequenos canos dessas taquaras, com furos na extremidade inferior e abertura na superior.
A origem da palavra chimarrão é espanhola e portuguesa, onde, em espanhol cimarón, significa bruto, chucro, bárbaro, vocabulário este, empregado em quase toda a América Latina, caracterizando os animais domésticos que posteriormente se tornaram selvagens.
Barbosa Lessa (História da erva mate, 57) citou que a palavra chimarrão foi empregada pelos colonizadores da Prata, para caracterizar aquela bebida amarga, a qual não tinha mistura de outro ingrediente que suavizasse o gosto, consumida pelos nativos.
Ainda, o professor francês Auguste Saint Hilaire mencionou em setembro de 1820, quando hospedava-se na estância de José Correia que: “O uso dessa bebida é geral aqui. Toma-se ao levantar da cama e depois várias vezes ao dia. (…)”.
A erva-mate é o principal ingrediente para o preparo do chimarrão. É utilizado suas folhas bem como caule e ramos para o preparo do chá. Em cada região onde é consumido, o chimarrão recebe um nome diferente, podendo ser chamado de mate, chimarrão, tererê e etc, ainda apresentando-se em diversos designers (Figura 1).
Figura 1 – Diferentes apresentações de chimarrão. Fonte: Gauchazh, 2015.
Os primeiros utensílios de chimarrão eram bastante simples, já que eram os nativos que costumavam tomar. As cuias, chamada por eles de caiguá, eram feitas de porongo e as bombas, por sua vez, feitas de taquaras que chamavam de Tacuapi. Com a popularização do mate entre os colonizadores, os utensílios passaram a ser aprimorados, sendo usados principalmente cuias e bombas de prata e ouro.
Na atualidade, há utensílios de diversos materiais, sendo ainda bem comum o uso de porongo para a cuia, por ser um material resistente. Existe ainda, por exemplo, cuia de pêra feita do corpo do porongo, cuia saco-de-touro, revestida com a capa dos testículos do terneiro, cuia de madeira, cuias em couro com acabamentos de metal entre outras. Comumente são enfeitadas com brasões, pingentes e acabamentos rebuscados.
A bomba, que consiste em um canudo com um filtro na ponta que serve para deixar passar apenas o líquido e manter a erva dentro da cuia, também ganhou uma nova forma, que visa principalmente a facilidade de preparar e consumir o mate. Seguem a mesma linha das cuias, sendo comumente personalizadas. O material mais comum utilizado para o feitio é o aço inox, mas ainda existe o costume de utilizar bombas inteiras ou com detalhes em prata e ouro. Existem vários tipos, entre eles a tipo colher-que tem um formato arredondado que auxilia a retirada da erva-mate da cuia na hora da limpeza.
A erva-mate é produzida da planta cujo nome científico chama-se Ilex paraguaienses, possui dentro da sua classificação popular, dois tipos comumente utilizados: a pura Folha ou Tipo Argentina (é feita só da folha) e a Barbaquá ou Tipo Missioneira (maior aproveitamento da erveira usando folha e caule).
O preparo do chimarrão se dá de várias maneiras, entre elas a mais utilizada (Figura 2) é a descrita a seguir:
- Colocar a erva-mate em ⅔ da cuia.
- Tapar com a mão ou vira-mate a boca da cuia inclinando-a para ajeitar a erva, que deve ficar assentada de um lado só, deixando um espaço vazio.
- Bater suavemente na superfície externa da cuia para que o pó mais fino se desloque para o fundo.
- Colocar a cuia novamente na vertical com cuidado para que a erva não caia.
- Despejar a água morna para umedecer a inchar a erva aguardando alguns instantes.
- Preencher com água quente, tendo o cuidado de não deixá-la ferver. O melhor é respeitar o aviso da chaleira, que começa a chiar aos 80º.
- Introduzir a bomba no fundo da cuia, apoiada na erva, mantendo o bocal fechado com o dedo polegar, até assentá-la bem.
Figura 2 – Modo tradicional de preparo do chimarrão. Fonte: Papo de homem, 2010.
Referências:
Calendarr, BRASIL, Dia do Chimarrão. Disponível em: https://www.calendarr.com/brasil/dia-do-chimarrao/. Acesso em: 23 de abr. 2019;
D.T.G. TROPEIROS DA SOLIDARIEDADE, Projeto Cultural – Erva-mate Chimarrão Acampamento Farroupilha 2008. Disponível em: http://www.tropeirosdasolidariedade.xpg.com.br/ErvaMateChimarraoFolheto.pdf. Acesso em: 23 abr.2019.