A história da dança de salão

A história da dança de salão reflete a evolução da nossa própria história, quanto sociedade. O entendimento dos diferentes processos culturais e históricos que influenciaram os diferentes momentos da dança de salão passa pelo entendimento do contexto social e histórico vivido em cada época. Dessa forma, a breve apresentação da origem da dança de salão e das danças tradicionais gaúchas traz consigo a descrição de fatos históricos determinantes dos aspectos culturais de nosso povo.

Esse estudo foi baseado nas obras do saudoso folclorista, Paixão Côrtes, especialmente na obra, Danças e Andanças da Tradição Gaúcha.

Breve história da dança de salão

A dança está em evidência nos hábitos humanos desde o surgimento da humanidade, constituindo-se inicialmente como um ritual mágico, que foi evoluindo com os costumes e crenças ao longo dos anos. Os povos primitivos empregavam a dança na forma de gestos e mimicas para representar seus animais sagrados, com uso de máscaras em rituais para atraírem as virtudes de seus deuses.

Figura 1 – A arte rupestre ilustrando rituais. Fonte: Google Imagens.

Estas expressões mágicas dos povos primitivos fizeram-se presentes na Antiguidade Clássica, onde a dança, ainda essencialmente masculina, adquiriu certo caráter profano e veio a transformar-se em espetáculos. Os Gregos introduziram o elemento literário, e as máscaras, representando não só os deuses, mas também os humanos, dando-se início a grande expressão do teatro popular.

Figura 2 – O Teatro de Dionísio em reconstituição do século XIX. Fonte: Wikipédia.

Na Idade Média, a Igreja foi a maior incentivadora do teatro popular, onde as máscaras eram utilizadas para representarem demônios ou também para mostrar passagens da bíblia, representando os milagres.

Figura 3 – Representação do Teatro Medieval. Fonte: Wikipédia.

O princípio da dança de salão como a conhecemos, surge ligada à camponeses da Inglaterra, que dançavam em roda, de mãos dadas, e à camponeses germânicos, que executavam danças de giro com pares enlaçados. Foi na Espanha que a dança de salão adentrou a sociedade elitizada, por volta do século XVI. As danças de Madri, nessa época, tinham características bem marcadas, onde, mesmo que o salão estivesse cheio, sempre um só par, se revezavam na dança, ocupando o centro da roda que naturalmente se formava próximo aos músicos. Estas não eram danças de pares enlaçados, havendo apenas momentos de aproximação e distanciamento entre homem e mulher, enquanto executavam movimentos d e corpo e sapateado. As danças encenavam a arte da conquista amorosa, onde também os músicos tinham participação importante ao embalar a trama ritmada com instrumentos e cantoria.

Figura 4 – Ilustrações de Pieter Brugel, retratando os festejos e bailares de camponeses. Fonte: Google Imagens.

Após as danças de sapateios, com alternância entre homem e mulher, com influência francesa, surgem as danças do chamado ciclo do Minueto, onde os dançarinos sem unem na dança segurando a ponta dos dedos da mão direita. Com a evolução das danças europeias, em seguida temos as contradanças, onde então o homem dá o braço à mulher, ou enlaça a dama em um “semi-abraço”, quando ambas as mãos dos dançarinos estão juntas, porém ainda se segue a dança com os corpos relativamente afastados. Por fim, com influência das valsas e danças escocesas e germânicas, surgem as danças de pares enlaçados, que dançam de maneira independente no salão, sem comandos ou coreografias.

No estudo da evolução das danças em cada época histórica, institui-se a denominação de “gerações coreográficas” para cada ciclo ou momento de tempo onde observam-se características similares para as danças executadas na sociedade. Dessa forma, observam-se quatro gerações coreográficas nas quais podemos agrupar as antigas danças executadas tanto nas altas esferas sociais quanto nos ambientes rurais e campesinos. Dessa mesma maneira, as danças evoluíram em nosso território, por influência dos povos colonizadores que aqui chegaram, trazendo seus costumes e tradições, que foram, aos poucos, sendo misturados entre os povos locais, nascendo a nossa própria identidade cultural, traduzida na dança de salão.